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Por que meu filho está na escola e ainda não sabe ler?


Educadora alerta os pais que o tempo de aprender de cada criança deve ser respeitado

Comstock Images / Thinkstock / Gettyimages

Quando a criança começa a freqüentar a escola, os pais ficam ansiosos para que a criança aprenda a ler e a escrever logo. Há casos até de frustração e comparação quando a criança demora um pouquinho mais. "Na minha época, eu já sabia ler quando tinha a idade dele", pensam e até comentam alguns pais. Outros, questionam se o problema está na escola e na metodologia de ensino. Afinal, existe uma idade certa para a criança começar a ler? Como saber se seu filho pode realmente estar com alguma dificuldade? A coordenadora pedagógica Suzy Vieira Março de Souza, do Colégio AB Sabin, explica sobre o assunto.
Tenho notado cada vez mais uma ansiedade por parte dos pais em ver os filhos aprenderem a ler logo. Como tranqüilizá-los sobre isso?
“A criança entra em contato com a linguagem escrita muito antes de seu ingresso na escola, e esta irá gradativamente proporcionar o desenvolvimento e a sistematização do processo de alfabetização, levando em conta a individualidade de cada criança, subsidiando-a para que avance em suas hipóteses. O AB Sabin trabalha com foco específico na Educação Infantil e o desenvolvimento da leitura e da escrita ocorre desde o ingresso da criança no maternal I (2 anos). Gradativamente as atividades avançam nos desafios que se fundamentam em objetivos específicos e peculiares de cada faixa etária.
Consideramos a alfabetização como processo dinâmico, ativo e não como mera aquisição de uma habilidade mecânica que permite fazer a correspondência letra – som. É importante nos embasarmos no pensamento de Lev Vygotsky (psicólogo bielo-russo (1896-1934). Ele considera que a alfabetização começa no ventre da mãe, quando os pais nomeiam e conversam com o filho (a) ainda em gestação, colocando palavras e letras nesses diálogos informais e afetivos”.
Há casos de crianças que também se sentem pressionadas a ler. Não só pelos pais, mas também porque vêem alguns coleguinhas já sabendo ler e elas ainda não.  Como os pais e educadores podem tranquilizá-las?
“É fundamental que a criança sinta-se segura e valorizada por suas conquistas acadêmicas, considerando seu potencial individualizado, a faixa etária e o contexto escolar em que está inserida, o qual deve ter clareza de seus princípios metodológicos. Vale ressaltar que a família deve ter ciência quanto à metodologia usada na escola, aceitando-a e valorizando-a.
O tempo de aprender de cada criança deve ser respeitado, não gerando frustrações. Também se deve buscar uma parceria efetiva com as famílias para que possam agir dentro do mesmo padrão, sem cobranças excessivas. Leva-se em conta os avanços pedagógicos que ocorrem cotidianamente, não apenas na aquisição da leitura e da escrita, mas também nas outras áreas de conhecimento”.
De que forma os pais podem ajudar os filhos em casa?
“Torna-se importante a parceria com a família no sentido de motivar os avanços gradativos que ocorrerão durante o processo e também propiciar um ambiente com ricas possibilidades de contato com o mundo letrado. É no âmbito familiar que ocorrem as primeiras práticas de leitura e os adultos envolvidos contribuem para o desenvolvimento do conhecimento sobre a linguagem. A clareza de papéis também é importantíssima, garantindo que a escola alcance seus objetivos do ponto de vista pedagógico”.

Quais são os sinais que indicam que o filho está realmente com dificuldade de aprendizado e precisa de um acompanhamento mais específico?
“Numa trajetória escolar pautada na parceria entre família e escola, a troca de informações a respeito do desenvolvimento da criança é constante. Dessa forma, se alguma dificuldade for detectada, as intervenções para sanar o problema são imediatas.
Caso não se obtenha êxito, mesmo com essas intervenções, é importante verificar questões mais globais. O encaminhamento ao pediatra é o primeiro passo, pois ele poderá sinalizar se há ou não a necessidade de indicação para outro especialista. Quando isso é pontuado, a escola coloca-se à disposição para esclarecer sobre o processo que lhe compete, buscando elementos que subsidiem sua ação e sendo também facilitadora para a observação do profissional em questão”.

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